terça-feira, 19 de novembro de 2013

VÍCIO


Por que esse vício
De ir embora quando acordo?
Pois agora eu quero sentir
O roçar dos nossos ossos
Expostos pela fricção da pele seca.

Por que me dizer
Que teu perfume funciona?
Pois agora eu quero cheirar
O azedo que te escapa a pele
E apodrecer minha narina farejando teu azedume.

Por que piscar e comentar
Se alguém te olha?
Pois agora eu quero ver
O mesmo palpite de sua boca
Pulsando fora o sangue de minhas veias.

Por que atender as ligações
Longe de mim?
Pois agora eu quero ouvir
O som da tua trapaça
Ecoando nesse tímpano ultrapassado.

Por que não me beija
Quando estou suado?
Pois agora eu quero provar
O amargo desse suor negro
Infectar essa língua virgem de deleites.

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